Estou farto de ser de uma geração tão rotulada. Gosto que falem de mim, isso nem sequer está em causa. Não me chateia que me chamem nomes, aprendi a ver o lado positivo de ser o caixa de óculos, na terceira classe.
O que eu não tolero é pagar pelos erros dos outros. Se sou da geração rasca, foram eles que me educaram. Se sempre tive tudo e não sei lutar pelos meus objectivos, foi porque eles tudo me deram e nada me pediram em troca. Se afinal luto demais e reivindico, sou um anarquista filho do 25 Abril, quando na verdade nem do 25 de Abril me lembro, apenas quero um futuro.
Quero ter as oportunidades que vocês tiveram: fazer um empréstimo a 40 anos, ter uma casa com 2 assoalhadas, votar no António Guterres, gastar os fundos europeus, comprar um Mercedes em terceira mão, ir ao cabeleireiro todos os Sábados e meter dois cavalos numa pequena Quinta.
Sou da geração, rasca, com mais formação que este país alguma vez teve. Discuto fenómenos de transferência de Energia, sei a importância de uma enzima no processo digestivo, inventei o Facebook, que vocês tanto gostam, e chego a compreender o papel da Grafite numa central de Energia Nuclear. No entanto, isso não é suficiente, sou avaliado todos os dias, porque sou da geração rasca, aquela que vocês educaram.
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